Como a alta da Selic impacta os financiamentos imobiliários
Na quarta-feira (2), o Copom elevou a taxa básica de juros para 10,75%, maior valor desde 2017
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aplicou uma alta de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) nessa quarta-feira (2), atingindo 10,75%. A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação e, quando sobe, afeta investimentos, financiamentos, empréstimos e cartões de crédito. Por isso, o mercado imobiliário é um dos afetados com a alta da taxa.
Entre 2020 e 2021, a Selic ficou a 2%, o que impulsionou o setor imobiliário. No ano passado, por exemplo, o Ceará atingiu recorde nos resultados de financiamento, quando encerrou o ano com R$ 3,35 bilhões na modalidade e 15,5 mil unidades vendidas, conforme balanço da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Com os juros atingindo o patamar de dois dígitos, o que não acontecia desde 2017, a expectativa é que, em 2022, a taxa de financiamento aumente, tornando a concessão de crédito mais cara.
“Como o financiamento imobiliário é uma operação bancária de crédito, um aumento da Selic pressiona as taxas de juros de financiamentos imobiliários a também aumentarem”, aponta a economista do DataZAP+, Larissa Gonçalves.
Impacto da Selic
A economista explica que, quando a taxa Selic aumenta, o custo de dar crédito também sobe. Logo, quanto maior o preço ofertado, menor o volume vendido, o que implica que um aumento da taxa Selic diminui o volume de crédito concedido, desacelerando ou até diminuindo a atividade econômica.
“Para o setor imobiliário, isso corresponde a um desaquecimento da demanda, afinal um imóvel é um ativo caro. Portanto, considerando a renda média do brasileiro, sem a utilização de crédito é praticamente inviável realizar essa compra. Além do preço do imóvel estar mais elevado, o serviço que te auxilia a comprá-lo também está mais caro, tornando o processo mais custoso”. LARISSA GONÇALVES
economista da DataZAP+
Isso acontece porque a redução da Selic, por exemplo, diminui o custo de captação dos bancos, que, por sua vez, tendem a emprestar por juros menores. Portanto, quando há elevação, o contrário é esperado.
“À medida que vai se tornando mais elevada, isso naturalmente vai implicar num reajuste pelas instituições financeiras. Todo esse movimento de alta da Selic vai trazer movimentos de elevações nos juros para os novos contratos. Vai trazer dificuldades para quem quiser contratar financiamento”, acrescenta o economista e professor da Universidade de Fortaleza, Allisson Martins.
Perspectivas para 2022
Diante deste cenário, a economista da DataZAP+ aponta que, pelas projeções, os especialistas estão considerando que, quanto mais cedo em 2022 o comprador realizar a transação, mais vantajosa tende a ser a aquisição do imóvel.
“Cs ciclos do mercado imobiliário são longos, e isso faz com que mesmo em um cenário não tão propício, ainda tenhamos bons momentos ressoando nos preços por algum tempo. As taxas de juros de financiamentos imobiliários reagem às mudanças na Selic numa proporção menor e com atraso temporal”, afirma.
Por sua vez, Martins pondera que o cenário é adverso para quem quer realizar um financiamento imobiliário. “O cenário é de aperto então vai reduzir a vontade das pessoas de financiarem imóveis”.
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